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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Deixa ali teu endereço qualquer coisa, aviso.



"A porta está fechada, não adianta bater.
E foi tão bom constatar que não me atinge mais.
Não me entristece, não me aborrece, não me tira o sono. Passa por mim.
Mas, não me atravessa. Foi-se o tempo. E foi-se o tempo faz tempo."







Por tanto tempo eu gostei de te escutar. Para mim era suficiente o fato de que estiveste dividindo comigo o que te acontecia ao dia. E a partir disso comecei a te buscar por todos os lugares na rua, no supermercado, na praia, na fila do ônibus, para que, finalmente, eu pudesse encontrar-me em tua vida. Virei uma caçadora de ti. Teve um momento no qual eu pensei que as coisas iriam dar certo. Mas não foi. Não fostes. E agora eu prefiro dormir a ver-te.



quarta-feira, 13 de julho de 2011

.17. se eu for aí, faça valer a pena.




[...] Quero pão novo
Pouca conversa
Uma casa aberta
Um ótimo vinho
Flores do campo
Banho quentinho
Uma sobremesa
Um atrevimento
Dedicação
Muito carinho
Derretimentos
Pra compensar [...]






terça-feira, 5 de julho de 2011

...Anarquia, este sonho de justiça e de amor entre os homens...


Não existe legitimidade intrínseca do poder! E a partir dessa posição, a démarche consiste em perguntar-se o que é feito do sujeito e das relações de conhecimento no momento em que nenhum poder é fundado no direito nem na necessidade; no momento em que qualquer poder jamais repousa a não ser sobre a contingência e a fragilidade de uma história; no momento em que o contrato social é um blefe e a sociedade civil um conto para crianças.
FOUCALT, Michel. Do Governo dos Vivos.



Platão usou, primeiramente, o termo anarquia num sentido pejorativo : caos, desordem.

Para ele, a primeira exigência da sociedade democrática é a liberdade. Dessa forma, a democracia produz anarquia não só em nível político, mas também nos desejos.

GOVERNO DE TODOS = GOVERNO DE NINGUÉM.

"A liberdade excessiva conduz a maior e mais rude escravidão"

Esse sentido platônico de anarquia voltou a aparecer no Iluminismo, na enciclopédia de Diderot e d'Alembert, como verbete. Enquanto que muitos consideram Diderot um anarquista, pois defendia que "o homem só será livre quando o último déspota for estrangulado com as entranhas do último padre".

Na Revolução Francesa, aqueles que lutavam pela divisão de poderes foram chamados de anarquistas. No século XIX, os apoiadores do Liberalismo também foram chamados de anarquistas, no caso, anarquistas da economia.

O Liberalismo, porém, é a ideologia da burguesia; sendo o burguês, acima de tudo, um solitário. Uma dita transposição das leis econômicas em relação à moral, sendo impessoal, em nada tem a ver com anarquia. Afinal, ser impessoal não significa ser " justo". Obediência é diferente de submissão. Diziam os liberalistas que a Lei está acima de nós, "quanto mais obediente mais livre eu sou".

Proudhon desafiou o predomínio do Platonismo em desqualificar a anarquia, lançando em 1840, "O que é a propriedade?". Para ele, a propriedade é um roubo. Dessa forma, Proudhon foi de encontro ao que existia de menos controverso em sua época. "Em suma, a propriedade, após despojar o trabalhador pela usura, assassina-o lentamente pelo esgotamento; ora, sem a espoliação e o assassinato a propriedade não é nada; com a espoliação e o assassinato ela logo perece, desamparada: logo, é impossível. A propriedade é impossível porque com ela a sociedade se devora...Se eu tivesse que responder à seguinte pergunta: O que é a escravidão? e respondesse numa palavra: É o assassinato, meu pensamento seria imediatamente compreendido. Não teria necessidade de um discurso muito longo para mostrar que o poder de espoliar o homem do pensamento, da vontade, da personalidade, é um poder de vida e morte, e que escravizar um homem é assassiná-lo. Por que, então, a esta outra pergunta: O que é a propriedade? não posso responder da mesma forma: É o roubo, sem ter a certeza de que não serei compreendido, embora essa segunda proposição não seja mais que a primeira transformada?". A terra é como a água e o ar para o ser humano, portanto, a liberdade e a propriedade assume o valor de sua vida. A propriedade é um latrocínio, ou seja, um roubo seguido de morte.

O anarquismo não é teoria social, e sim, um conjunto de concepções, de postulados que convergem. O anarquismo é multifacetado, desta forma, os anarquistas podem dizer : minha anarquia.

Aquilo que nos oprime não é só o poder.
"Não é a autoridade do Estado, mas o machismo, que me oprime" - diz as feministas.
"Não é a autoridade do Estado, mas o racismo, que me oprime" - diz os negros.
"Não é a autoridade do Estado, mas o psicológico, que me oprime" - diz os loucos.
"Não é a autoridade do Estado, mas o macho, que me oprime" - diz os homoafetivos.
"Não é a autoridade do Estado, mas a autoridade paternal, que me oprime" - diz os jovens.

"O primeiro homem que, havendo cercado um pedaço de terra, disse 'isso é meu', e encontrou pessoas tolas o suficiente para acreditarem nas suas palavras, este homem foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras e assassínios, de quantos horrores e misérias não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando os marcos, ou tapando os buracos, tivesse gritado aos seus semelhantes: Livrem-se de escutar esse impostor; pois estarão perdidos se esquecerem que os frutos são de todos, e a terra de ninguém!"


Jean Jacques Rousseau, Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens.



" O amor deve ser livre, como o pensamento e o trabalho, de qualquer tirania e preconceito".


Fim da primeira parte.

sábado, 2 de julho de 2011

...que se faz aos poucos


...A garganta ia sendo molhada pela coca-cola gelada que ele lhe ofereceu. Ele era assim. Lhe oferecia balas, refrigerantes, ria com ela, conversava com seu silêncio e se oferecia para ser seu travesseiro na falta de um. Muitas vezes ela confundia essa coisa de amor, com essa coisa de amigo, mas talvez essas coisas aí fossem só problemas de nomenclatura…


sexta-feira, 1 de julho de 2011

No meio dessa paisagem onde tudo me fascina.


"Pode ser, mas... Suponhamos. Eu já vivi isso. E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo, No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também."

[Caio Fernando Abreu, Pela noite]

E apagando a luz
Eu devo ter bocejado e adormecido em outra noite triste.
E, com certeza, fiquei ouvindo o barulho da chuva no telhado.
O dia antes de você ter vindo.