Seguidores

terça-feira, 5 de julho de 2011

...Anarquia, este sonho de justiça e de amor entre os homens...


Não existe legitimidade intrínseca do poder! E a partir dessa posição, a démarche consiste em perguntar-se o que é feito do sujeito e das relações de conhecimento no momento em que nenhum poder é fundado no direito nem na necessidade; no momento em que qualquer poder jamais repousa a não ser sobre a contingência e a fragilidade de uma história; no momento em que o contrato social é um blefe e a sociedade civil um conto para crianças.
FOUCALT, Michel. Do Governo dos Vivos.



Platão usou, primeiramente, o termo anarquia num sentido pejorativo : caos, desordem.

Para ele, a primeira exigência da sociedade democrática é a liberdade. Dessa forma, a democracia produz anarquia não só em nível político, mas também nos desejos.

GOVERNO DE TODOS = GOVERNO DE NINGUÉM.

"A liberdade excessiva conduz a maior e mais rude escravidão"

Esse sentido platônico de anarquia voltou a aparecer no Iluminismo, na enciclopédia de Diderot e d'Alembert, como verbete. Enquanto que muitos consideram Diderot um anarquista, pois defendia que "o homem só será livre quando o último déspota for estrangulado com as entranhas do último padre".

Na Revolução Francesa, aqueles que lutavam pela divisão de poderes foram chamados de anarquistas. No século XIX, os apoiadores do Liberalismo também foram chamados de anarquistas, no caso, anarquistas da economia.

O Liberalismo, porém, é a ideologia da burguesia; sendo o burguês, acima de tudo, um solitário. Uma dita transposição das leis econômicas em relação à moral, sendo impessoal, em nada tem a ver com anarquia. Afinal, ser impessoal não significa ser " justo". Obediência é diferente de submissão. Diziam os liberalistas que a Lei está acima de nós, "quanto mais obediente mais livre eu sou".

Proudhon desafiou o predomínio do Platonismo em desqualificar a anarquia, lançando em 1840, "O que é a propriedade?". Para ele, a propriedade é um roubo. Dessa forma, Proudhon foi de encontro ao que existia de menos controverso em sua época. "Em suma, a propriedade, após despojar o trabalhador pela usura, assassina-o lentamente pelo esgotamento; ora, sem a espoliação e o assassinato a propriedade não é nada; com a espoliação e o assassinato ela logo perece, desamparada: logo, é impossível. A propriedade é impossível porque com ela a sociedade se devora...Se eu tivesse que responder à seguinte pergunta: O que é a escravidão? e respondesse numa palavra: É o assassinato, meu pensamento seria imediatamente compreendido. Não teria necessidade de um discurso muito longo para mostrar que o poder de espoliar o homem do pensamento, da vontade, da personalidade, é um poder de vida e morte, e que escravizar um homem é assassiná-lo. Por que, então, a esta outra pergunta: O que é a propriedade? não posso responder da mesma forma: É o roubo, sem ter a certeza de que não serei compreendido, embora essa segunda proposição não seja mais que a primeira transformada?". A terra é como a água e o ar para o ser humano, portanto, a liberdade e a propriedade assume o valor de sua vida. A propriedade é um latrocínio, ou seja, um roubo seguido de morte.

O anarquismo não é teoria social, e sim, um conjunto de concepções, de postulados que convergem. O anarquismo é multifacetado, desta forma, os anarquistas podem dizer : minha anarquia.

Aquilo que nos oprime não é só o poder.
"Não é a autoridade do Estado, mas o machismo, que me oprime" - diz as feministas.
"Não é a autoridade do Estado, mas o racismo, que me oprime" - diz os negros.
"Não é a autoridade do Estado, mas o psicológico, que me oprime" - diz os loucos.
"Não é a autoridade do Estado, mas o macho, que me oprime" - diz os homoafetivos.
"Não é a autoridade do Estado, mas a autoridade paternal, que me oprime" - diz os jovens.

"O primeiro homem que, havendo cercado um pedaço de terra, disse 'isso é meu', e encontrou pessoas tolas o suficiente para acreditarem nas suas palavras, este homem foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras e assassínios, de quantos horrores e misérias não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando os marcos, ou tapando os buracos, tivesse gritado aos seus semelhantes: Livrem-se de escutar esse impostor; pois estarão perdidos se esquecerem que os frutos são de todos, e a terra de ninguém!"


Jean Jacques Rousseau, Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens.



" O amor deve ser livre, como o pensamento e o trabalho, de qualquer tirania e preconceito".


Fim da primeira parte.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog, muito bom e a temática está bem legal, seguindo já, segue o meu:


    http://comentariocriticoo.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. me admira uma menina, aparentemente tão jovem, ter uma temática de blog tão madura. gostei muito.



    http://diariodagarotadevariasfaces.blogspot.com/
    sigo quem me segue e retribuo comentários

    ResponderExcluir