Seguidores

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Eu vou te contar que você não me conhece.


E eu tenho que gritar isso, porque está surdo e não me ouve. A sedução me escraviza a você. Ao fim de tudo você permanece comigo mas preso ao que eu criei, e não a mim. E quanto mais falo sobre a verdade inteira um abismo maior nos separa. Você não tem um nome, e eu tenho. Você é um rosto na multidão, e eu sou o centro das atenções. Mas a mentira da aparência do que eu sou, e a mentira da aparência do que você é, porque eu, eu não sou o meu nome. E você não é ninguém. O jogo perigoso que eu pratico aqui, ele busca chegar ao limite possível de aproximação, através da aceitação da distância e do reconhecimento dela. Entre eu e você existe, a notícia, que nos separa. Eu quero que você veja a mim. Eu me dispo da notícia. E a minha nudez parada te denuncia e te espelha. Eu me delato. Tu me relatas. Eu nos acuso e confesso por nós. Assim, me livro das palavras com as quais você me veste.

Fauzi Arap

Nenhum comentário:

Postar um comentário